Como aprender inglês sozinho

Greetings!

Tem sempre muita gente que me pergunta como se aprende inglês sozinho, sem fazer aulas.
Eu não sou um professor, mas não é por isso que não posso dar dicas.
Talvez algum professor discorde, até mesmo porque alguns ganham com isso, e outros têm diferentes pontos-de-vista.
Concordo que cada um tem o seu jeito e sua opinião.
Entretanto, não custa dar algumas dicas que talvez funcione para você como funcionou para mim.
Estou escrevendo esse post agora justamente porque alguém é capaz de dizer: “poxa, para você é mais fácil porque você está nos Estados Unidos”.
Eu recém cheguei aqui, logo o que eu aprendi foi antes de vir para cá (até mesmo porque sem inglês não daria para vir).

Algumas pessoas questionam: “é difícil aprender inglês sozinho, ser autodidata. Eu não tenho força de vontade para isso”.
Olha, se você não tem força de vontade para aprender sozinho, não é pagando por duas horas de aula por semana que vão te fazer ter força de vontade.
É essa força que vai fazer você aprender. É preciso ter objetivo para aprender as coisas.
Aprender só por aprender faz você esquecer facilmente e ainda ficar confuso quando usar isso ou aquilo (como por exemplo as aulas de colégio, que são um tédio e a maioria dos alunos são obrigados a estudarem o que não têm ideia de por que e quando usariam aquilo tudo).
Mas se você ama ajudar pessoas e quer ser médico para salvar suas vidas, você vai se matar para passar no vestibular porque não vê a hora de estar estudando tudo aquilo.
Se você ama uma chinesa, garanto que aprender mandarim vai ser facinho.
Então, se você quer aprender inglês só porque não tem nada mais a fazer, sinceramente não perca tempo com isso.
Porque de 10 horas estudando, talvez 10% vão ficar na sua memória (se ficarem), e você poderia usar os outros 90% com coisas mais produtivas.

As dicas que vou dar não estão em ordem. Apenas siga-as da forma que você quiser e puder. Umas serão mais fáceis que as outras no princípio. Depois tudo fica mais tranquilo.
Então vamos às dicas:
1 – ouça músicas em inglês lendo a letra junto e tente imitar o cantor.
Seja chato consigo mesmo. Você está lendo uma coisa que nunca leu antes, umas letras que nunca viu antes (pasmem, o K, o W e o Y já são parte do alfabeto português para quem não sabe!).
Primeiro tente acompanhar com o olho a letra que o cantor está cantando.
De preferência escute um pop, ou algo mais compreensível (não escute Death Metal, por favor).
Ouça a mesma frase várias vezes. Imite exatamente o que o canto está cantando.
Vai ficar diferente? Vai! Por isso você vai SEMPRE se empenhar para melhorar, para ficar cada vez mais parecido.
Esqueça a tradução da música, foque apenas nos sons.
Faça isso com mais músicas, de preferência de bandas diferentes.
Alguns cantores gostam de enfeitar e mudar a pronúncia das palavras.

OBS: agora alguém pode questionar: “não é ruim ver várias pronúncias diferentes da mesma palavra, mesmo ainda mais não sendo pronunciado certo nas músicas?”
Não.
Quando você ouve bastante, seu cérebro acaba guardando aquilo que você ouviu automaticamente sem você precisar conscientemente memorizar.
Depois te tanto ouvir, quando você for falar, o seu cérebro acaba tentando reproduzir o que você já tinha guardado. Não vai sair igual, mas, acredite, sai cada vez melhor mesmo sem você nunca ter falado isso antes.
Outra coisa, quando você ouve diferentes pronúncias da mesma palavra, você logicamente acaba entendendo o porquê de aquela palavra ter a pronúncia daquela forma.
Senão você fica preso à pronúncias quadradas, como: “eu aprendi que nos States as pessoas não falam email igual nós aqui no Brasil= imeio. Lá eles falam imél”.
Assim, você sempre vai falar imél, o que vai ser feio pra caramba, porque não é imél que se fala. É diferente. Assim como “amor”: Love. Alguns vão dizer que se pronuncia Lâv e outros vão dizer que é Lóv.
É um som que não tem como reproduzir no português.
Para entender melhor, vai a segunda dica.

2 – Esqueça comparações
Não tente comparar o inglês e o português.
Tem gente que tenta transliterar as palavras.
Transliterar é quando você pega o som de uma palavra em outro idioma e tenta escrevê-lo no seu idioma.
Por exemplo, a palavra em inglês “Smile” você transliteraria como algo do tipo: “Ismáiou”.
Ao fazer isso, seu cérebro não vai memorizar o som em inglês, mas a reprodução do som em português.
Com o tempo você vai ser um brasileiro com um inglês gramaticalmente correto, mas com o sotaque típico brasileirão.
Quando você ouve alguém na rua falando “Hello”, de cara já percebe: “esse é brasileiro!”.
Se você não se preocupa com o sotaque, ignore essa dica.

3 – Fale consigo mesmo em inglês
Sempre que possível pense em inglês.
“Como?! Eu mal sei inglês, como vou pensar em inglês?”
Você não precisa ser expert para se forçar a pensar em inglês.
Se fosse expert, já pensaria naturalmente.
Nós estamos sempre pensando em algo.
Quem é brasileiro, nativamente está pensando em português.
Se você está andando na rua, provavelmente está igual a um louco conversando consigo mesmo em português (em pensamento, claro).
Tem uns que falam em voz alta e parecem ainda mais loucos. Eu ainda não cheguei nesse nível. =)
Não importa se você está errado, se está montando as frases todas erradas.
O importante é você fazer seu cérebro começar a tentar pensar em inglês.
Uma criança brasileira cresce pensando. Aos poucos ela vai pensando em português, mesmo que seja tudo errado.
Mas ela aprende com o tempo. O importante é você começar a pensar.
Como fazer isso?
Conte a você mesmo como foi o seu dia, ou quais são os planos para hoje. Seja criativo.
Haverá palavras que você não vai saber, talvez muitas, talvez todas. Não tem problema.
Tente expressar de outra forma. Anote a palavra que não sabe ou memorize e depois procure no dicionário, mas não esqueça a dica 5 em relação a isso.
Sobre falar do jeito certo, você vai aprender nas outras dicas à frente.
Quando possível, se estiver em casa, fale em voz alta o que está pensando em inglês.
Isso vai ajudar o seu cérebro a praticar o som que havia guardado.
OBS: uma observação que considero importante aqui é: sempre que estiver pensando em inglês e tentando falar algo em inglês na rua ou qualquer outro lugar, evite olhar para frases escritas em português ou ouvir pessoas falando em português perto, ou ouvir o som da televisão ligado em português.
Senão isso faz o seu cérebro lembrar-se de que você ainda é nativo no português, e lhe confundirá quando tentar pensar em inglês.
Isso é normal acontecer com qualquer um. Mesmo que você seja fluente em 3 idiomas, se está falando em inglês e alguém fala duas palavras em espanhol no meio, você continua a resposta em espanhol. Se falar em português e alguém fala uma palavra em inglês ou você leu uma palavra em inglês, automaticamente você acaba pensando em inglês.
É como seu cérebro desligasse um idioma e ligasse o outro.

4 – Assista a filmes com legendas em inglês
Muito importante. Assim como a música, você vai praticar o som das palavras à medida que os atores pronunciam.
Dê pausa, volte, assista de novo. Tente imitar.

5 – Assista a filmes sem legendas
Ao assistir um filme sem legendas (um filme em inglês, óbvio!) você pode não entender nada do que estão falando.
Mas se você assisti-lo algumas vezes, você começa automaticamente a ligar o som às ações.
É assim que acontece quando você é criança. Você não aprende a escrever “MESA”, a pronunciar “MESA” e colar um papel na mesa para lembrar que é uma mesa.
Você simplesmente aprende depois de ouvir seus pais falarem várias vezes aquela palavra ao mostrarem a mesa, servirem você à mesa, ou qualquer outra coisa relacionada à mesa.
Você aprende com imagens e ações.
Logo, assista a vários filmes, várias vezes, até que em um momento você mesmo já saberá decor a fala de um ator em alguns momentos.

6 – Leia livros em inglês em voz alta
Pode ser jornal, artigos, etc. Mas prefiro livro porque é grande. Você pode baixar em PDF.
Use a lógica!
Você não sabe como pronunciar uma palavra. Não tem problema, invente.
Você percebeu que alguns cantores, quando cantavam uma palavra que terminava com Y , pronunciavam-na como “Uai”.
Por exemplo, “Why are you here?”. Ou “Deny” (pronunciando algo como denai).
Então você acha que todas as palavras que têm Y serão pronunciadas assim. Não tem problema, pronuncie errado mesmo ao ler o livro.
Alguma hora você vai perceber ouvindo outra música ou assistindo a um filme que muitas palavras com Y são pronunciadas apenas como “i” (spicy, vary, very, etc.).
Aí começa a ficar interessante e seu cérebro começa a filtrar mais quando você ver outras palavras com Y.

7 – Não traduza, entenda
Eu diria que esta é uma das principais, se não a principal, dica.
Não viva, não coma, não engula, não respire o dicionário.
Deixe ele ser apenas uma ferramenta.
Ao procurar pela tradução de uma palavra em inglês, veja as diversas traduções que ela pode ter em português e tire suas próprias conclusões.
Vou tentar dar um exemplo. A palavra “Turn” tem diversas traduções: volta, curva, virar, transformar, alteração, ângulo, etc.
Se você fizer a lista e tentar ver qual delas se encaixa na tradução daquela música ou livro, muitas vezes pode acabar usando a palavra errada.
A dica é, tente ler todas as traduções e pegar um sentido lógico de todas elas.
“Turn” em resumo quer dizer algo que se vira, que muda sua direção. Não é uma tradução, mas uma compreensão de como o objeto poderia se comportar.
Assim, ao ler um texto você pode perceber, conforme o contexto, o que a palavra quer dizer.
“He made a turn…” = ele fez uma conversão, virou-se para alguma direção, fez uma curva…
“Turning left…” = virando à esquerda…
“Turn on…” = fazer com que algo seja ligado (ou seja, mudou o sentido, pois antes estava desligado)…
“You will turn into a great musician…” = você tornar-se-á em um grande músico…
Essas não são necessariamente as traduções que você escreveria oficialmente, mas você está apenas entendendo a ideia do texto.
Mais para frente você mesmo pode usar a palavra do seu modo quando precisar expressar algo neste sentido.
Você já viu a lista de traduções da palavra “Get” no dicionário? No google translate tem muito menos do que num dicionário comum.
Eu sempre me batia com a tradução dessa palavra, pois são muitas expressões que a utilizam e que eu teria de decorar.
Mas a ideia não é decorar traduções, mas compreender a ideia.
Eu tentaria explicar a ideia de “Get” como “Colocar” algo em algum lugar ou em alguma situação.
“Get a car…” = conseguir um carro, mas poderia ser compreendido como colocar aquele carro à minha disposição
“Get into the house…” = entrar na casa, mas poderia ser entendido como colocar-se dentro da casa
“Get off the bus…” = sair do ônibus, descer do ônibus, podendo ser visto como colocar-se fora, longe do ônibus
“I’m getting nervous…” = estou ficando nervoso, ou seja, estou colocando-me nervoso…
Parece estranho, mas “sinta” o que a palavra quer dizer, não apenas veja o significado no dicionário e a traduza.
Entendeu? Got it?
Por isso eu repito mais uma vez: SEMPRE use a lógica.

8 – Faça amigos que você nunca teria
Umas coisa que me ajudou bastante com o inglês foram as amizades.
Eu lembro em 1997(acho que era por aí), quando estava usando o ICQ (que por sinal ainda existe. Também utilizava o mIRC, que também existe).
Tinha amigos do Brasil na minha lista e eu descobri que dava para procurar por pessoas apenas especificando o país.
Procurei por pessoas da Europa e da Ásia. Comecei a conversar com elas (e lembro-me até da época quando meu pai questionou o uso do programa, porque sairia cara a conta do telefone por estar falando com alguém de outro país, já que a internet funcionava pelo pulso telefônico).
Eu não sabia nada de inglês, mas escrevia errado mesmo. Usava dicionário direto pois meu vocabulário era Zero!
Fiz o mesmo quando conheci alguns americanos que iam ao Brasil de tempos em tempos e eu acabava fazendo amizade.
Eles ficavam poucos dias no Brasil, mas era suficiente para eu me aventurar no novo idioma.
Na época que eu comecei a conversar na internet, foi quando eu aprendi diversas gírias inclusive.
Hoje você pode utilizar redes sociais para conhecer pessoas de outros lugares.
Eventualmente você pode se aventurar a falar por áudio com essas pessoas.
Isso vai ajudar bastante a você perder a vergonha. Muita gente só vai querer conversar com algum estrangeiro depois de fazer 3 anos de aula, aí vai descobrir que na verdade não sabia nada!

9 – Peça para ser corrigido
Tudo isso ajuda. Conversar com outros realmente vale a pena.
Mas para fazer mesmo valer a pena, você precisa ter humildade suficiente para reconhecer que seu inglês é ruim mesmo.
Peça SEMPRE para as pessoas lhe corrigirem quando você estiver errado.
Obviamente eu não conseguia falar uma palavra direito quando conversava na internet. Me corrigiam todo o tempo, mas quando eu escrevia a mesma coisa, já sabia como escrever.
Fui aprendendo aos poucos.
Tem gente que só não lhe corrige porque acham que estaria sendo chato se fizesse isso.
Mas se você der a oportunidade, eles vão parar você sempre que cometer um erro.
Seja na pronúncia, na gramática ou escrita.
Tudo vai depender do nível de liberdade que você dá às pessoas.
Se você já tiver uma pronúncia muito boa mas mesmo assim pedir para lhe ajudarem com isso, vão lhe parar mesmo que seja num mínimo detalhe.

10 – Converse com alguém que queira também aprender inglês
Sempre tem algum amigo que quer aprender inglês também.
Vocês dois ganhariam muito se ambos conversassem (ao menos tentassem) em inglês.
Entretanto, existem duas barreiras para isso.
Vergonha. Essa é a primeira barreira. As pessoas são muito envergonhadas para falar em inglês. Primeiro porque acham que vão falar tudo errado. E vão mesmo, mas é por isso que se pratica, para aprender. Segundo porque num país onde a única língua é o português, ninguém fala outro idioma direito (nem mesmo o próprio português), todos olham para você de um modo diferente se falar uma palavra em outra língua.
Outra barreira acontece por exemplo quando você está numa empresa onde você e seus colegas estão loucos para aprender bem o inglês. Vocês iriam gostar muito se pudessem reservar um dia da semana para conversar somente em inglês.
Só que isso não vai acontecer. Porque acontece de naquele dia vocês precisarem resolver um problema urgente, e precisa falar com outra pessoa sobre isso.
Depois da sétima palavra você já está demorando muito pra se expressar e está ficando nervoso por não conseguir resolver o problema urgente.
Aí começam a falar em português mesmo e azar.
O tal dia não funciona e vocês desistem.
Eu creio que se não sabe, tenta expressar de outra forma, mas desistir não é o caminho.
Depois que você se mudar para um país de língua inglesa, ninguém vai esperar que você pare a frase no meio para se expressar em português, você terá de se virar do jeito que for.
É por isso que diz-se que depois que você vai morar fora é que você aprende bem o inglês mesmo, pois nunca vai aprender direito antes disso.
Eu creio que é possível sim, mas não damos chances o bastante a nós mesmos.

 

Bom, espero que essas dicas ajudem em algo.
Não pense que depois que você aprendeu inglês, acabou.
Isso você usará sempre.
Eu ainda hoje uso essas dicas e continuarei usando.
E isso vale para outros idiomas também, não somente para o inglês.
Escrevi em relação ao inglês pois sempre há pessoas perguntando sobre isso.
Há várias outras dicas e formas de se aprender inglês sozinho.
Apenas disse as que eu acabei desenvolvendo e utilizando.
Para quem desejar ouvir o inglês para aprender, tem também um podcast chamado “Efortless English”, onde o autor concorda com a ideia de que é melhor ouvir bastante o inglês para aprender, do que ler livros e mais livros.
Vale a pena dar uma olhada.

That’s all, folks!
Cya