“A sabedoria é um carro sem freio que sobe a rua, cujo combustível é a humildade.”

A única forma de fazer o homem crescer é por meio da sabedoria.
Entretanto, não a sabedoria humana, mas a de Deus.
Com a sabedoria humana somos capazes de atingir lugares altos, porém frágeis.
Lugares onde não permaneceremos por tempo relevante e suficiente.
Para usar dessa sabedoria basta ter ganância, ânimo e disposição.
Basta ter auto-estima, orgulho de si mesmo e considerar-se capaz.
Essa sabedoria faz-nos crescer; crescer tanto a ponto de alcançarmos uma altura onde todos ficam pequenos e abaixo… inclusive nossa própria razão.
Deus não nos oferece essa sabedoria, mas a sua.
Uma sabedoria além dos limites da compreensão humana, porém aquém do egoísmo.
Uma sabedoria que leva a lugares altos, porém firmes.
Uma sabedoria que faz-nos crescer, mas crescer para perto de Deus e daqueles a quem devemos também considerar superiores a nós mesmos.
Contudo, essa sabedoria é como um carro sem freio do qual somos condutores.
Esse carro sobe a rua, porém, se vier a desligar, seu destino é descer sem parar.
Para mantê-o ligado e seguindo em frente, seu combustível não pode acabar, e este é, definitivamente, a humildade.
A humildade que não faz falta à sabedoria humana, mas que, se existente, busca a sabedoria do alto, que vem de Deus, para levar-nos mais acima, ao fim da rua, onde poderemos conhecê-lo mais de perto.

.:. Sindra .:.

Isaías 9.6: “Maravilhoso Conselheiro” ou “Maravilhoso, Conselheiro”?

O texto de Isaías 9.6 diz: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”

Uma certa polêmica surgiu ao redor desse versículo no que diz respeito aos termos Maravilhoso e Conselheiro. Certa vez alguém disse que a forma correta do texto não seria como a traduzida em nossas versões de grande maioria: “Maravilhoso, Conselheiro”, mas deveria ser “Maravilhoso Conselheiro”.

Talvez para alguns isso não faz diferença alguma, mas se analisarmos com calma, veremos que a vírgula atribui ou remove um caráter de Cristo: o ser Maravilhoso, que faz Maravilhas.

Farei uma breve explicação do texto original a fim de analisarmos como é melhor traduzi-lo, e tirarmos as conclusões a respeito dele.

As palavras que representam Maravilhoso e Conselheiro, respectivamente, são:

Pele’ e Yo’ets.

Pele’, nos léxicos, está representado como um substantivo, e não como um adjetivo.

Pode-se comparar nas outras 5 vezes em que aparece este termo na Bíblia como um substantivo (Ex 15.11, Sl 77.15, Sl 78.12, Sl 88.11, Is 25.1).

O termo Yo’ets é um verbo no particípio, indicando “aquele que aconselha, que dá conselhos”, ou conselheiro mesmo. Também é usado para indicar a palavra “conselho”.

Este termo também aparece em diversos outros textos, como, por exemplo, em 1 Cr 26.14.

Agora, a principal coisa que deve-se saber é que um adjetivo pode aparecer com a função atributiva ou predicativa.

Na função atributiva, o adjetivo aplica uma qualidade ao substantivo. Por exemplo, o homem forte, uma espada afiada, o grande sacerdote.

No hebraico, quando o adjetivo desempenha esta função, ele aparece após o substantivo.

Por exemplo: bom = tov e   sacerdote = cohen.

Logo, “um bom sacerdote” seria escrito no hebraico como  “cohen tov”.

Outro exemplo:  homem = yish e  grande = gadol.

Logo, “o grande homem” seria no hebraico  “hayish hagadol”  (onde esse “ha” é apenas o artigo, e deve ser repetido no adjetivo).

Firmando, quando o adjetivo possui a função de dar uma qualidade, ele aparece após o substantivo.

Há, porém, a função predicativa no adjetivo. Nesse caso, o adjetivo aparece antes do substantivo.

Na função predicativa dizemos: “o homem é grande”, “o sacerdote é bom”.

No hebraico seria, respectivamente:  “gadol hayish”  e  “tov hacohen”.

Tendo esses conceitos, agora poderíamos analisar os termos Maravilhoso e Conselheiro.

O texto de Isaías 9.6 diz: Vayicra’ shemo pele’ yo’ets ‘el  gibor……

Vayicra’ (e chamará) shemo (o nome dele) pele’ (maravilhoso) yo’ets (conselheiro) ‘el (Deus) gibor (forte)……

Primeiramente, o termo pele’ (maravilhoso) vem antes de yo’ets (conselheiro). Isto significa que, se pele’ fosse um adjetivo, ele deveria ser traduzido: “um conselheiro é maravilhoso”, utilizando a função predicativa.

Se pele’ (maravilhoso) fosse um adjetivo e quiséssemos que ele fosse traduzido como “maravilhoso conselheiro”, na função atributiva, ele deveria vir após o termo yo’ets (conselheiro). O texto deveria, então, ser:  vayicra’ shemo yo’ets pele’ …. mas não é.

Pele’ aqui não é usado como um adjetivo.

Note o que acontece logo após, com a expressão  “Deus forte”. O adjetivo “forte” está na função atributiva, e dá a qualidade ao substantivo ‘el (Deus):  “ ‘el gibor “, isto é, “Deus forte”.

Por essa razão, é possível afirmar que o seu nome será:  “maravilhoso (por si só), conselheiro (por si só), Deus forte (Deus com a qualidade de forte), pai eterno……”

Esta é apenas minha simples tradução. Vale a pena fazer uma exegese mais profunda do versículo e dos que o precedem e seguem, analisando o contexto geral e histórico de cada palavra. Podem, sim, haver erros nesta tradução, como em qualquer outra, mas escrevo aqui o caminho por onde percorri.

Que o Deus forte, eterno, conselheiro, e que é maravilhoso nos abençoe grandemente.

.:. Sindra .:.